Estamira

Estamira é um documentário brasileiro, no qual leva o nome da protagonista, foi dirigido por Marcos Prado e lançado em 2005. O Filme se passa no Jardim Gramacho, um bairro da cidade do Rio de Janeiro onde se localizava o aterro sanitário. Através do relato da vida de Estamira é possível observar o cotidiano dos trabalhadores deste local, além das críticas que vão deste o sistema político até ao comportamento humano “feio é a incivilização”.

A trama inicia com a definição do lugar a partir do ponto de vista de quem convive no aterro por mais de 20 anos, como um “depósito dos restos e descuidos”. Percebe-se no relato de vida orgulho do trabalho, grande vinculo afetivo com o local e prazer no que faz, “Eu Estamira, sou a visão de cada um ninguém pode viver sem mim”. Ao mesmo tempo, sente-se triste e enxerga na morte uma solução para seus próprios problemas. O que é perfeitamente compreensível quando se entende o histórico de vida da personagem, na qual passou por situações de violências físicas, sexuais, psicológicas e sociais.

Estamira se define como abstrata, o que é considerado deficiência metal para uns ou desequilíbrio de cunho religioso, para ela é muito simples seguindo suas próprias linhas de raciocínios e métodos de explicações. Ela faz uma analogia entre o controle remoto artificial e o controle remoto natural, o primeiro refere-se ao controle do seu próprio corpo e do Estado “os homens devem ser comunistas, o comunismo é igualidade” e o segundo o controle religioso.

Por fim, Estamira é o típico retrato brasileiro, contendo a beleza própria da miscigenação estampando no rosto as linhas de expressão do tempo sofrido e das histórias. A vida desta mulher faz refletir sobre a complexidade da vida, sobre o lixo que desprezamos “devem prestar atenção, quem economiza têm, porque ficar sem é muito ruim”. Também, sobre a saúde e a qualidade de vida, situações de internação compulsória e medicalização “Conheço médicos de verdade e copiadores. Essa aqui que me receitou esses remédios só copiou”. Estamira toma diazepínicos sob orientação médica e recusa internação.

“O trocadilo fez de uma tal maneira que quanto menos as pessoas têm, mais elas manuspezam e jogam fora, quanto menos eles têm...” (Estamira,2005)


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