Instituto Estadual Rio Branco




Em março de 1997, aos 5 anos eu estava entrando pela 1ª vez na escola no Jardim de Infância A. Ah que saudades que eu tenho da minha época de escola em que a vida era... aliás o que era a vida ? Acho que eu mal tinha dimensão do que era a vida.

Em 1999 passei à 1ª série do ensino fundamental, nunca esqueço daquela professora carinhosa que me ensinou as primeiras palavras. Naquela época, a chamada Escola Estadual de 1º e 2º grau Rio Branco era de certa forma "elitizada" entre as escolas públicas. Lembro dos meus pais levando sacolas e mais sacolas de compras feitas em papelarias, exigência da escola, sendo que nenhum material comprado pertencia à nós alunos. Lembro também de não haver grandes desigualdades sociais, as turmas eram bem homogêneas. Éramos filhos de pais basicamente de classe média baixa, e assim seguiu ao longo do meu ensino fundamental pouca rotatividade de alunos, sempre os mesmos rostinhos ano após ano.

Quando ingressei o ginásio como se chamava antigamente, na minha época o período da 5ª-6ª série e hoje o 6º ano. Aquela turma homogênea já não existia, começava a dar lugar à uma diversidade e uma rotatividade de alunos assustadora. Colegas que cresceram comigo migraram para escolas particulares e eu começava enfrentar uma outra realidade.

O Instituto Estadual Rio Branco é uma escola tradicional de Porto Alegre, meus pais jamais me trocariam de escola por dois motivos:1º Eles sempre acreditaram na Educação Pública. Tanto na educação, como na saúde e em outros setores.
2º Pela facilidade do acesso, perto de casa e do serviço

Aos 15 anos um pouquinho mais madura, eu estava no ensino médio. Um mundo completamente novo, onde só os "adultos" estudavam, pois éramos separados do ensino fundamental. Foi nessa fase que despertei completamente para as desigualdades dentro da minha escola. Eu era uma das poucas alunas que permaneceu desde a Educação Infantil (Jardim A) na mesma escola, logo era possível fazer um comparativo ao longo dos anos. Antes um sistema burocrático de acesso, só estudavam alunos de um mesmo padrão. A partir de um determinado momento a porta de acesso abre, e eu vejo alunos dos mais diversos locais, níveis culturais, econômicos, educacionais...

No último ano do ensino médio, já com uma visão mais ampla. Era possível notar meu pequeno interesse por transformar aquela realidade, uma vontade muito discreta, muito tímida. Ano de 2009, recordo bem da minha preocupação com o futuro. Naquele ano eu havia trancado o curso de inglês e informática para iniciar o técnico em enfermagem. São boas recordações, e eu que achava que estudar em dois turnos era cansativo demais, mal sabia que a UFRGS me aguardava! Eu era uma das poucas privilegiadas que não havia necessidade de trabalhar no turno inverso e podia me dedicar exclusivamente aos estudos, isso justificava minhas notas altas. Contudo, era triste quando professores passavam materiais no xérox e colegas não tinham 0,50$ para pagar. Pois é, talvez fosse apenas rebeldia minha, mas minha "briga/discurso" era sempre esse:
 "Professor, desta forma não dá! Está é uma escola pública em que a maioria dos alunos trabalham e não tem tempo de ler o material, muito destes trabalham para sustentar família. 1,00$ ou 0,50$ pode ser pouco, mas deves levar em consideração que são mais 10 matérias e são xérox semanais, esse dinheiro faz falta".

Hoje em dia após 4 anos longe da Escola Rio Branco, onde passei 13 anos da minha vida. Fazendo as contas mais da metade da minha vida, levando em consideração que nasci em 1992. Bom, resolvi fazer alguma coisa por esse alunos, mesmo que pouco. Nesta onda de Rede Social, criei uma página no Facebook com intuito de incentivar e motivar estes alunos à uma educação de qualidade. Criar um espaço de comunicação e divulgação de oportunidades de estágios, cursos, curiosidades, vídeos educativos, informações úteis, reaproximação de ex-alunos. 

Certa vez, na escola tivemos uma palestra com um professor de um cursinho pré-vestibular destes bem caros. Ele realizou doação de livros, descontos em matriculas, bolsas de tantos %... E finalizou sua palestra com a brilhante frase: "Vocês sabem que estudam em uma escola pública e a educação é precária, ou seja, vocês não tem chace nenhuma de entrar em uma Universidade Federal". Pois bem, e cá estou na UFRGS!! Um dos meus objetivos é incentivá-los e mostrar de que é possível, sim aluno de escola pública não é menos capacitado do que um aluno de escola particular.
Vídeo produzido pelos alunos - Turma de 2009

Link da Página - https://www.facebook.com/rb.poa/info
Atualmente com cerca de 600 membros.

Página criada para estreitar relações entre alunos, ex-alunos, professores e servidores do carinhosamente chamado RB ou IERB. Também para abordar temas e divulgar ações de interesse em comum.

O Instituto Estadual Rio Branco fundado em 1930, tradicional escola pública de Porto Alegre, atende alunos no três turnos (manhã, tarde e noite) e nos três níveis de educação básica (infantil, fundamental e média). Possui uma estrutura adaptada para portadores de necessidades especiais, laboratório de química/biologia, refeitório, sala de informática, sala de vídeos, auditório, quadra de esporte com piso anti-derrapante, pavimento para: basquete, fut-sal, hande-bol e vôlei. Além disso, o instituto é referencial de biblioteca entre as escolas públicas com mais de 20 mil volumes - Biblioteca José da Silva Paranhos Junior.



Um comentário:

Unknown disse...

Oi : Agradeço pelas informações sobre a escola Rio Branco , achei muito proveitoso pois estou fazendo um paper para a faculdade sobre o estágio nessa escola e tem pouca informações na internet.Além do mais concordo que um aluno de escola estadual pode ter sim qualidade de ensino . Foi muito válido.