Chegada a reta final, decidi dividir o último semestre de aulas presenciais diárias para despedida ser menos dolorosa. A desistências de algumas UPPs me proporcionou melhor aproveitamento e aprendizagem com qualidade das disciplinas selecionadas:
Sanitarista: Saúde em Movimento
Blog dedicado ao relato de vivências na UFRGS do curso de Análise de Políticas e Sistemas de Saúde - Bacharelado em Saúde Coletiva
O semestre em mim...
É com certa nostalgia que se aproxima o fim do sexto semestre do curso de Saúde Coletiva da turma de 2012/2. Entrei nesta turma um pouco depois, mas logo me senti a vontade. O receio de dar um passo a diante na graduação mescla-se com a ansiedade do estágio e o sonho da formatura.
Chegada a reta final, decidi dividir o último semestre de aulas presenciais diárias para despedida ser menos dolorosa. A desistências de algumas UPPs me proporcionou melhor aproveitamento e aprendizagem com qualidade das disciplinas selecionadas:
Chegada a reta final, decidi dividir o último semestre de aulas presenciais diárias para despedida ser menos dolorosa. A desistências de algumas UPPs me proporcionou melhor aproveitamento e aprendizagem com qualidade das disciplinas selecionadas:
Novas perspectivas de um grupo
Atualmente,
sou bolsista do Programa
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), na Rede Governo Colaborativo em Saúde.
Este projeto fez com que me tornasse voluntária no Programa
de Educação Tutorial (PET) Conexões de Saberes Cenário de Práticas e de
Estágios curriculares Noturnos neste semestre após dois anos de participação. Carinhosamente chamado de PET Saúde Noturno entre
os estudantes, possibilita inúmeros ganhos em que a universidade não dá conta de proporcionar aos estudantes.
Permaneço
no grupo pela troca de conhecimentos e experiências de cada estudante oriundo
de três cursos da área da saúde e construção conjunta de novos saberes, pelo
clima acolhedor que envolve cada encontro, pelas oportunidades de vivências diferenciadas,
pela possibilidade de crescimento pessoal e acadêmico, pela diversidade de
opiniões, os quais enriquecem qualquer debate, pela forma em que o grupo é
conduzido, pelo aprendizado, pela proposta de incentivo ao protagonismo
estudantil, pelo estimulo ao senso crítico, pela intimidade, afinidades e laços
afetivos, em fim por tudo que o PET oferece aos seus integrantes e fora dele. Recentemente, a saída da professora tutora que fundou este PET causou certo desconforto no grupo, contudo a convivência com a nova tutora nos tranquilizou, tendo em vista o olhar diferenciado e cheio de novas propostas inovadoras de quem vivencia a extensão na Universidade.
Neste sentido, acho que o grupo ganhou uma nova aliada, além de nos provocar mudanças necessárias e significativas de quem visualizava o PET de fora. Desde a
criação deste, especifico dos quatro cursos noturnos da área da saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), se faz ações voltadas às
necessidades e peculiaridades dos alunos noturnos, e sem elas o nosso grupo perderia o sentido. Na lógica de pesquisa, ensino e extensão é fundamental dar
continuidade a esse tripé com participação em eventos de interesse à formação
dos estudantes, realização de atividades extramuros da universidade, explorar
territórios, proporcionar projetos de extensão aos colegas e aprofundar a
pesquisa na temática do nosso PET. Assim como, permanecer com os encontros em
método pedagógico de rodas de conversas, eventualmente com convidados.
Para mim,
o PET deixou de ser um simples Programa da Universidade e se tornou parte da
minha trajetória acadêmica, no qual não consigo me desvincular. É imensurável a
relação entre o PET e seus integrantes, tanto afetivamente como academicamente.
Assim como foi comigo, talvez seja confuso entender no inicio toda a dimensão,
mas conforme o tempo e a compreensão do programa é fácil se apaixonar e todo
esse processo é maravilhoso.
Práticas Integradas
A prática profissional na
área da Saúde envolve concomitantemente relações sociais, expressões
emocionais, aspectos biológicos e condições sócio-históricas e culturais dos
indivíduos e dos coletivos, de forma que a interdisciplinaridade torna-se fundamental
para a compreensão e atuação integral dos serviços de saúde junto às
comunidades sob seu cuidado.
Neste sentido, o ensino baseado na integração pode proporcionar uma aprendizagem mais significativa e adequada às necessidades das comunidades, tendo em vista que os conhecimentos são organizados em torno de estruturas conceituais e metodológicas compartilhadas por várias disciplinas e saberes.
Pensando nisto, os currículos da graduação em saúde vêm sendo estimulados a buscar modelos que proporcionem uma formação integrada entre os diferentes núcleos de saberes, além do fortalecimento dos conhecimentos e habilidades necessários ao trabalho junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesta lógica,
a disciplina eletiva de Práticas Integradas em Saúde’ apresenta tem como objetivo proporcionar a integração da Universidade com o Distrito Assistencial Glória-Cruzeiro-Cristal. No decorrer deste semestre, nove alunos dos cursos de Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Nutrição, Odontologia, Políticas Públicas, Saúde Coletiva e Serviço Social vivenciaram na Unidades de Saúde da Família (USF) Divisa a experiência teórico-práticas no trabalho multiprofissonal em torno do processo de territorialização.

As atividades ao longo da disciplina foram mapear as necessidades da equipes da USF, o qual apresentou a necessidade de um "mapa falante". A coleta de informações para a construção do mapa foi realizada presencialmente por todo o grupo, com apoio das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), obtendo a numeração de todas as casas pertencentes ao território da USF Divisa, além da identificação de equipamentos sociais presentes no território. Posteriormente, os dados foram sistematizados em um arquivo vetorizado em software Corel Draw Graphics X6, sendo a escala baseada na diagramação de mapa consultado no Google Maps.
A participação na disciplina permitiu a análise dos processos de trabalho e a problematização das práticas de saúde. Desta forma, ressalta-se que atividades que proporcionem práticas integradas têm grande relevância no processo de formação acadêmica e pessoal de discentes da área da saúde. Todavia, ainda observam-se currículos fragmentados e uma carência de oportunidades de experiências em cenários da vida real no processo de formação de profissionais da saúde, sendo fundamental o fortalecimento e a multiplicação de experiências similares à da disciplina de Práticas Integradas em Saúde I no meio acadêmico.
Neste sentido, o ensino baseado na integração pode proporcionar uma aprendizagem mais significativa e adequada às necessidades das comunidades, tendo em vista que os conhecimentos são organizados em torno de estruturas conceituais e metodológicas compartilhadas por várias disciplinas e saberes.
Pensando nisto, os currículos da graduação em saúde vêm sendo estimulados a buscar modelos que proporcionem uma formação integrada entre os diferentes núcleos de saberes, além do fortalecimento dos conhecimentos e habilidades necessários ao trabalho junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).


As atividades ao longo da disciplina foram mapear as necessidades da equipes da USF, o qual apresentou a necessidade de um "mapa falante". A coleta de informações para a construção do mapa foi realizada presencialmente por todo o grupo, com apoio das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), obtendo a numeração de todas as casas pertencentes ao território da USF Divisa, além da identificação de equipamentos sociais presentes no território. Posteriormente, os dados foram sistematizados em um arquivo vetorizado em software Corel Draw Graphics X6, sendo a escala baseada na diagramação de mapa consultado no Google Maps.
A participação na disciplina permitiu a análise dos processos de trabalho e a problematização das práticas de saúde. Desta forma, ressalta-se que atividades que proporcionem práticas integradas têm grande relevância no processo de formação acadêmica e pessoal de discentes da área da saúde. Todavia, ainda observam-se currículos fragmentados e uma carência de oportunidades de experiências em cenários da vida real no processo de formação de profissionais da saúde, sendo fundamental o fortalecimento e a multiplicação de experiências similares à da disciplina de Práticas Integradas em Saúde I no meio acadêmico.
João de Barro
Neste semestre, na Unidade de Produção Pedagógica (UPP) de Promoção e Educação da Saúde do sexto semestre do Bacharelado em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as atividades foram em torno de visitas às casas de passagem, meu grupo realizou atividades de intervenção no Abrigo João de Barro. A rica experiência nos possibilitou considerações e observações em aula nos trouxeram ao debate os seguintes aspectos:
· Impressão geral sobre a proposta de intervenção para a promoção da saúde;
· Identificação de temáticas para o semestre e as seguintes propostas de intervenção:
a) O papel do profissional da Saúde Coletiva.
b) O aspecto comunicativo nas intervenções.
c) Conceitos de promoção e educação em saúde de pessoas em situações de risco e vulnerabilidade.
Atualmente o abrigo João de Barro está localizado em uma casa no bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre/RS, o qual abriga 18 adolescentes (sete estão no abrigo, seis estão na FASE e cinco estão evadidos). Há quatro plantões, com três educadores, quatro articuladores, uma técnica em enfermagem, dois vigilantes, duas cozinheiras e uma assistente social, por plantão. Os adolescentes são do gênero masculino entre 14 e 18 anos, oriundos de comunidades carentes de Porto Alegre.
Foram realizadas uma visita técnica e quatro intervenções, a primeira aconteceu dia 24 de abril de 2014, realizamos uma dinâmica de perguntas e respostas envolvendo temas como: saúde e ambiente, autocuidado, saúde e esporte, motivações e anseios. Obtivemos êxito na interlocução com os meninos, eles foram bem receptivos e participativos, ao final servimos uma cachorro quente e comemoramos o aniversário de um dos jovens da casa e um dos integrantes do nosso grupo.
A segunda intervenção foi realizada dia 22 de maio de 2014, realizamos outra rodada de conversa e levamos sobremesas à pedido dos meninos da casa, pois percebemos que chegávamos logo após do jantar.
A terceira intervenção ocorreu no dia 05 de junho de 2014, com lanches típicos de festa junina, bandeirinhas para enfeitar a casa e a oficina de grafite em MDF. Proporcionamos uma festa junina, com lanches típicos e ao mesmo tempo fizemos uma oficina de grafite que teve a participação da maioria dos meninos. Ainda contextualizamos a diferença entre grafite e pichação, na tentativa de uma pequena reflexão sobre cidadania.
![]() |
A quarta intervenção ocorreu quinta-feira (03/07/2014) e fizemos uma oficina de direitos humanos com os educadores e oferecemos um lanche dietético para os meninos, dada a situação de que fomos avisados no final do semestre pela técnica de enfermagem de que um dos meninos possuí Diabetes Mellitus tipo II, a mais nociva e na condição crônica da necessidade de insulina. Após o lanche da terceira intervenção o adolescente com hiperglicemia, foi parar no pronto atendimento mais próximo.
Na passagem “como campo de conhecimentos, a Saúde Coletiva requer a contribuição específica das disciplinas biológicas e sociais e a participação dos profissionais destas áreas. Aí reside uma peculiaridade epistemológica desse campo de saber, que confere a ele riqueza intelectual no sentido da universalidade do conhecimento, na melhor tradição iluminista” (ELIAS, 2003, p.168) Paulo Elias, militante e médico sanitarista, professor da USP, falecido em 2011, me sintetiza o entendimento prático, de que não precisamos desvalidar às práticas tradicionais voltadas ao campo da saúde, muito pelo contrário, isso seria até um pecado, então na realidade não devemos, o que nos compete é compreender e equacionar essas questões de maneira estratégica, seja em que esfera estaremos atuando de modo a integralizá-las, seguindo é claro as premissas do Sistema Único de Saúde Brasileiro e das questões colocadas lá atrás nos anos 80, na Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em Brasília, ato que reuniu diversos atores do movimento Sanitarista, desde usuários, profissionais da saúde, políticos e lideranças populares, intelectuais e alavanca a Reforma Sanitária no país. Foi de suma importância refletir lado-a-lado com esta população sobre todas as questões abordadas ao longo da graduação, pois constatamos que sim, existe espaço para atuarmos e que aproveitem talvez a maior competência e ou habilidade que adquirimos ao longo do curso, o olhar ampliado, integralizado, olhar para o sujeito como um ser imperfeito, cheio de defeitos mas que tem necessidades não só em saúde mas também de qualidade de vida que incorpora tantos outros conceitos.
O que é ser sanitarista?
Em uma breve pesquisa em dicionário encontra-se a definição de
Sanitarista como o indivíduo especialista em saúde pública e/ou coletiva
forjado de conhecimentos a cerca do conjunto de medidas que visam elaborar,
controlar e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário
a fins da saúde das populações. Ex. Profissionais da área da saúde que
conhecem o processo saúde-doença, evolução histórica conceitual e práticas
sanitárias, epidemiologia e bioestatística, consequentemente indivíduos formado
(pós-graduação, especialização, formação) em saúde coletiva ou saúde pública,
em cursos reconhecidos por instância educacional legal em Instituições de
Ensino Superior.
Instituído como uma das quinze profissões da área da saúde, o
sanitarista trabalha dentro e em prol dos sistemas de saúde, com as questões
sociais e políticas da saúde, com o planejamento e a avaliação de programas de
saúde e com as práticas coletivas de proteção da saúde, sem prestar assistência
individual.
Historicamente, a luta por uma saúde universal, equânime e integral
desde meados dos anos 1980 originou uma Reforma Sanitária. Atualmente tais
lutas tornaram-se princípios de um Sistema Único de Saúde, uma conquista
popular constituída através da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Na qual, iniciou reformas drásticas na saúde brasileira a partir da 8ª
Conferência Nacional de Saúde em 1986. Em uma concepção diferenciada de
saúde, a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 garante a
legitimidade do SUS, que surgirá em consequência destes movimentos sociais e
lutas populares.
Porem, o histórico brasileiro no âmbito deste “novo” profissional é bem
mais antigo, no qual passou por outras concepções diferentes das atuais em
saúde. No período da Reforma da Vacina, Oswaldo Cruz já iniciava práticas
sanitaristas como pioneiro no estudo de doenças e moléstias tropicais com que assolavam a população na época. Foi neste
contexto que o Estado interviu durante o período republicado com a campanha de
vacinação obrigatória contra a varíola, gerando conflitos e revoltas populares.
Assim, percebe-se que o Sanitarista desde os primórdios da profissão trabalha
concomitantemente com as políticas públicas e o controle social. Hoje numa nova
concepção, também lida com promoção e educação em saúde, utilizando-se de
estratégias e planejamentos através da gestão em virtude da melhor qualidade de
vida da população.
Mas afinal, o que é ser Sanitarista?
Num senso comum, pode-se ter certa noção a partir de algumas profissões
da área por estudarem brevemente o sistema de saúde brasileiro. Por outro lado,
leigos não tem nenhuma referencia do que é ou o que faz um Sanitarista. É neste
sentido que o Bacharelado em Saúde Coletiva na UFRGS, forma o profissional
Sanitarista, antigamente, formado por qualquer profissional com especialização
na área. O novo modelo de formação deste profissional segue duas Linhas de Formação na universidade:
- Planejamento,
Gestão e Avaliação em Saúde.
- Promoção, Educação e Vigilância da Saúde.
Desta forma, o leque de possibilidades de inserção
profissional é amplo devido à complexidade de sua formação, numa nova lógica de
educação-ensino horizontalizada responsável por um novo profissional da saúde
sensibilizado nas questões sociais e próximo a realidade, formado na UFRGS.
Eu no PET e o PET em mim
Outubro de 2013 completo um ano como bolsista do programa PET: Saúde Noturno. Lembro-me quando cheguei tímida, perdida, conhecendo poucos integrantes alguns de vista da Saúde Coletiva entre os 11 membros dos demais cursos noturnos da área da saúde na UFRGS: Psicologia, Odontologia e Serviço Social. Estes 11 que por um período, já foram em 6 membros tornaram o espaço do programa uma extensão da universidade, um mundo a parte em que ganhamos o mínimo de visibilidade e valorização dentro da instituição que parece ignorar a existência dos cursos noturnos.
Há pouco houve a seleção de novos bolsista, recordo do meu inicio no programa e sei como devem estar se sentido confusos para entender o que fazemos. Diga-se de passagem, e como fazemos é ensino, pesquisa e extensão tudo junto e misturado. Ao longo do tempo sei que vão entender o que o tal PET de nome complicado faz (conexões de saberes: cenário de práticas e de estágios curriculares noturnos), também vão se sentir parte de algo maior, não apenas como um bolsista, mas como colaboradores da transformação social.
Entre os 17 grupos PETs da universidade, nenhum trabalha na mesma lógica que nós, sempre achei estranho a forma diferente com que outro grupo funciona até me dar conta que os diferentes somos nós. É tão complexo e grandioso o que fazemos que é difícil explicar para outros entenderem claramente nossas ações. Para grupos tão tecnicistas compreender aquilo que não é palpável torna-se uma tarefa quase impossível.

Integrar o PET me faz sentir importante dentro da UFRGS, neste um ano de participação aprendi tanto que é complicado mensurar. Tornei uma protagonista dentro do meu território como representante discente, transformei pouco da minha realidade participando de reuniões de bairro e ações de promoção da saúde e educação de qualidade na minha antiga escola, adquiri conhecimento para reivindicar direitos, ou seja, a transformação começa em mim para depois transformar o redor. No mais, fazer parte de tudo isso é tão gratificante que é impossível desvincular-se, não me imagino sem o PET. Logo deixarei de ser bolsista, mas continuarei como “amiga” do projeto participando mesmo sem estar cadastrada na plataforma, afinal o conhecimento não precisa de formalidades.
Estamira
Estamira é um documentário brasileiro, no qual leva o nome da protagonista, foi dirigido por Marcos Prado e lançado em 2005. O Filme se passa no Jardim Gramacho, um bairro da cidade do Rio de Janeiro onde se localizava o aterro sanitário. Através do relato da vida de Estamira é possível observar o cotidiano dos trabalhadores deste local, além das críticas que vão deste o sistema político até ao comportamento humano “feio é a incivilização”.
A trama inicia com a definição do lugar a partir do ponto de vista de quem convive no aterro por mais de 20 anos, como um “depósito dos restos e descuidos”. Percebe-se no relato de vida orgulho do trabalho, grande vinculo afetivo com o local e prazer no que faz, “Eu Estamira, sou a visão de cada um ninguém pode viver sem mim”. Ao mesmo tempo, sente-se triste e enxerga na morte uma solução para seus próprios problemas. O que é perfeitamente compreensível quando se entende o histórico de vida da personagem, na qual passou por situações de violências físicas, sexuais, psicológicas e sociais.
Estamira se define como abstrata, o que é considerado deficiência metal para uns ou desequilíbrio de cunho religioso, para ela é muito simples seguindo suas próprias linhas de raciocínios e métodos de explicações. Ela faz uma analogia entre o controle remoto artificial e o controle remoto natural, o primeiro refere-se ao controle do seu próprio corpo e do Estado “os homens devem ser comunistas, o comunismo é igualidade” e o segundo o controle religioso.
Por fim, Estamira é o típico retrato brasileiro, contendo a beleza própria da miscigenação estampando no rosto as linhas de expressão do tempo sofrido e das histórias. A vida desta mulher faz refletir sobre a complexidade da vida, sobre o lixo que desprezamos “devem prestar atenção, quem economiza têm, porque ficar sem é muito ruim”. Também, sobre a saúde e a qualidade de vida, situações de internação compulsória e medicalização “Conheço médicos de verdade e copiadores. Essa aqui que me receitou esses remédios só copiou”. Estamira toma diazepínicos sob orientação médica e recusa internação.
“O trocadilo fez de uma tal maneira que quanto menos as pessoas têm, mais elas manuspezam e jogam fora, quanto menos eles têm...” (Estamira,2005)
Assinar:
Postagens (Atom)